15 perguntas para proteger as crianças na pandemia de covid-19

Autores*: Mariana Rodrigues, Pedro Otávio Oliveira Santos, Vitor Yukio Ninomiya, Gabriella Yuka Shiomatsu, Ricardo Tadeu de Carvalho.

Diante da pandemia gerada pelo novo coronavírus, muitas dúvidas foram levantadas e diversas estão sendo respondidas! Neste post, algumas questões sobre a covid-19 nas crianças serão comentadas. Se você tem dúvidas sobre como proteger as crianças na pandemia de covid-19, então confira aqui as principais perguntas sobre o tema e suas respostas!

 

1. Os bebês e crianças possuem risco de se contaminarem com o novo coronavírus?

De acordo com as evidências atuais, os recém-nascidos, bebês e crianças menores, de fato apresentam uma menor incidência de infectados quando comparados à população adulta e idosa. Contudo, estes casos existem, provando que a covid-19 afeta todas as idades. Assim, o cuidado de toda a família é importante na prevenção desta doença.

2. Os sintomas da covid-19 são os mesmos para todas as pessoas e para todas as idades?

Os sintomas gerados pela infecção do novo coronavírus podem variar muito conforme a idade e a condição prévia do indivíduo. Algumas pessoas podem apresentar sintomas semelhantes à gripe, sendo febre, cansaço, fraqueza, tosse e congestão nasal os mais comuns. Contudo, indivíduos infectados também podem ser assintomáticos. Já em crianças, os sintomas podem se manifestar como irritabilidade, dificuldade de dormir, cansaço e perda do apetite. Além disso, em crianças, a obstrução nasal na ausência de outro diagnóstico, é considerada um caso suspeito de covid-19.

3. Toda criança que estiver em ambiente público ou de aglomeração precisa usar máscaras?

Primeiramente, deve-se lembrar de evitar aglomerações durante o período da pandemia, pois esta é uma medida fundamental na prevenção da transmissão da doença. Porém, se as aglomerações não puderem ser evitadas por algum motivo, a recomendação atual é de que crianças acima de 2 anos de idade usem máscaras de pano (com 2 camadas sobrepostas) cobrindo tanto o nariz quanto a boca. As crianças menores de dois anos de idade, não devem usar máscaras, pois podem ser sufocadas por não terem um controle amadurecido do processo respiratório e controle adequado sobre sua salivação.

4. Roupas de pessoas doentes ou que saíram de casa devem ser lavadas separadamente?

De acordo com os dados atuais, duas medidas podem inativar e matar o vírus, sendo elas: o uso de álcool em mãos e superfícies e higienização com água e sabão. 

Sendo assim, ao lavar as roupas em máquinas de lavar ou em tanques de lavagens manuais, o uso da água e do sabão (em barra ou em pó), já é suficiente para eliminar o vírus presente nas roupas. Até onde sabemos, não há necessidade de se lavar separadamente as roupas de pessoas doentes ou que estiveram em aglomeração.

5. As medidas utilizadas para evitar a contaminação podem ser as mesmas para crianças, adultos e idosos?

Ainda que existam algumas especificidades, muitas das medidas para se evitar a contaminação são consideradas como medidas gerais, sendo algumas delas:

  • lavar as mãos com água e sabão, tentando limpar todas as superfícies possíveis presentes nas mãos (incluindo a lavagem das unhas). Se não houver possibilidade de usar água e sabão, o uso de álcool 70% também está indicado quando não houverem sujeiras visíveis;
  • se houver alguém na mesma casa com sinais e/ou sintomas semelhantes a um resfriado ou uma gripe (corrimento nasal, fraqueza, tosse, espirro), recomenda-se manter um distanciamento de pelo menos 2 metros desta pessoa. Havendo a necessidade de se aproximar do indivíduo, recomenda-se o uso de máscaras e luvas para aumentar a proteção de ambas as pessoas;
  • as superfícies devem ser lavadas com água e sabão ou uso de álcool 70%, sendo elas: mesas, cadeiras, maçanetas, brinquedos, pratos, entre outros. Isto é feito com a finalidade de manter todos os objetos pertencentes à casa livres da possível presença do vírus.

6. É necessário levar os filhos para vacinarem contra outras doenças durante o período da pandemia?

Mesmo com a recomendação do Ministério da Saúde de evitar aglomerações, o seguimento do calendário vacinal para crianças e adolescentes está mantido. Um exemplo para ilustrar esses casos são de mães de adolescentes de 11 a 14 anos, que devem levar o seus filhos para receber o segundo reforço da vacina contra a meningite (ou receber a dose única caso nunca tenha sido vacinado para meningite). Os centros de saúde estão equipados e preparados para receber famílias dentro das normas de segurança à saúde, no intuito de se evitar infecções graves mesmo durante o período atípico de distanciamento social.

7. O novo coronavírus pode causar infecções além dos pulmões?

Em algumas crianças que sabidamente estão infectadas pelo novo coronavírus, tem sido relatado quadro de inflamação generalizada, ou seja, que não acometem apenas os pulmões, mas também o coração, os rins, o cérebro, a pele, e os intestinos. Esta condição é chamada de Síndrome Inflamatória Multissistêmica em crianças. 

O que sabemos atualmente é que esta doença pode coincidir com a infecção da covid-19, mas ainda não se sabe se é de fato o coronavírus que causa isso. Portanto, mais estudos estão sendo realizados para confirmar ou descartar tais hipóteses.

8. Quando devemos suspeitar de que o quadro respiratório em uma criança está grave?

O quadro respiratório mais acentuado que é causado pelo novo coronavírus é chamado de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Em adultos, os sintomas são: dispnéia (dificuldade respiratória), pressão persistente no tórax, queda da saturação de oxigênio no sangue (menor que 95% respirando em ar ambiente) ou coloração azulada dos lábios ou do rosto (cianose).

Em crianças, além desses sintomas, é possível observar os batimentos de asa de nariz (abertura e fechamento das narinas), tiragem intercostal (afundamentos da pele ao redor das costelas), sinais de desidratação e perda do apetite (inapetência). 

9. É recomendado que os pais levem os filhos para brincar com outras crianças?

A chave para diminuir a propagação da covid-19 é o distanciamento social, limitando ao máximo o contato com outras pessoas. Enquanto as escolas não estão funcionando, as crianças não devem se encontrar com crianças de outras famílias. Se forem brincar em espaços públicos, as crianças devem manter distanciamento de cerca de 2 metros umas das outras e evitar contatos físicos, como apertos de mãos, abraços e beijos.

10. Como ajudar as crianças a manterem as conexões sociais durante a pandemia?

Recomenda-se que as crianças não se encontrem com crianças de outras famílias para brincar ou visitem familiares. Dessa forma, para auxiliar as crianças a manterem seus laços sociais durante o período de isolamento, recomenda-se que os pais supervisionem telefonemas e chamadas de vídeo ou encorajem as crianças a escreverem cartas para familiares e amigos. 

11. Quando tomar precauções extras em relação ao contato das crianças com outros indivíduos da mesma moradia?

Deve-se considerar medidas adicionais para evitar o contato das crianças com pessoas do grupo de risco para doença grave, ainda que compartilhem a mesma residência. Os indivíduos de maior risco são pessoas com mais de 60 anos e/ou que possuam comorbidades, principalmente quando não controladas, incluindo doença pulmonar, condições cardiológicas, imunodeficiência, obesidade severa, diabetes, doença crônica renal e doença hepática.

12. O que fazer quando os pais precisam sair para trabalhar?

Nesse período em que as escolas estão fechadas, é comum que os pais precisem trabalhar e não possam ficar em casa com seus filhos. Dessa forma, os pais devem considerar cuidadosamente com quem irão deixar as crianças. Se o indivíduo for de alto risco para forma grave da doença, como pessoas mais velhas ou com condições médicas subjacentes, deve-se limitar o contato das crianças com outras pessoas para evitar que elas contraiam o vírus e transmitam para esses cuidadores.  

13. É recomendado que as crianças visitem parentes mais velhos?

Não. Recomenda-se adiar visitas ou viagens para ver os familiares mais velhos, como os avós. A melhor opção para o momento é conectar-se virtualmente ou através de cartas.

14. Em tempos de pandemia, quais são os sinais de estresse que as crianças podem demonstrar e que exigem atenção dos pais?

Nem todas as crianças e adolescentes respondem ao estresse da mesma maneira. Entretanto os pais devem estar atentos a alguns sinais que podem ser observados com frequência, como:

  • preocupação ou tristeza excessiva;
  • alimentação e sono inadequados;
  • dificuldade de atenção e concentração.

15. O coronavírus pode ser transmitido da gestante para o filho (transmissão vertical)?

A transmissão vertical é a transmissão viral da mãe para o filho durante a gestação, parto ou amamentação. Atualmente, não há evidência consolidada de transmissão vertical do coronavírus. O vírus não foi encontrado em amostras do líquido amniótico, cordão umbilical e leite materno. Contudo, as pesquisas ainda estão em andamento.

Agora que você já sabe as principais dicas para proteção das crianças na pandemia de covid-19 e aprendeu o que você pode fazer para protegê-las de contraírem a infecção e de transmitirem o vírus para as outras pessoas, faça a sua parte! Contribua para prevenir a disseminação da doença: incentive o uso de máscara em crianças maiores de 2 anos de idade, atente-se à higienização das mãos e de superfícies e fique atento ao distanciamento social!

 

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*Este post foi escrito pelos alunos da Faculdade de Medicina da UFMG pela parceria da SES-MG com o projeto Adote sua Vizinhança em Tempos de covid-19.

Este texto foi redigido conforme as evidências disponíveis até 27/07/2020.

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